Conheça o poder da empatia, uma das funções mais nobres da inteligência, que se destaca como uma competência fundamental para o convívio social!
Entre as habilidades socioemocionais, o desenvolvimento da empatia se destaca como fundamental para o nosso bem-estar emocional, bem como para o estabelecimento de relações interpessoais saudáveis ao longo da vida.
Ao contrário do que se pode pensar, a palavra não expressa um sentimento, mas sim um comportamento. Desse modo, seu significado está ligado à capacidade do indivíduo de se colocar no lugar do outro, buscando perceber e compreender suas intenções, desejos e motivações.
Para Augusto Cury, trata-se de uma das funções mais importantes da inteligência, uma vez que propicia a compreensão e o conhecimento de nossos próprios sentimentos e dos outros. A empatia estimula a reciprocidade e a interconectividade, além de melhorar nossa comunicação pessoal e social.
Uma vez entendida como função da inteligência humana, a empatia diz respeito, antes de tudo, ao gerenciamento das emoções e pode ser desenvolvida desde a infância. Para saber mais sobre o poder da empatia e seu impacto positivo no desenvolvimento infantil e na qualidade de vida das pessoas, continue a leitura!
O poder da empatia e seu significado
Antes de falar do poder da empatia, precisamos entender todo o contexto. A empatia refere-se à habilidade psíquica de perceber o mundo a partir do olhar de uma outra pessoa, isto é, de compreender de maneira profunda as razões e sentimentos que motivam as suas ações, evitando julgamentos antecipados.
A empatia é considerada um comportamento, e não um sentimento, e pode ser aprendida e desenvolvida desde a infância até a vida adulta. Importa frisar que empatia não significa a mesma coisa que simpatia, pois não exige sintonia ou identificação com as emoções e pensamentos do outro. Por essa razão, ela é capaz de criar conexões ou pontes de entendimento entre pessoas muito diferentes.
Adotar um comportamento empático significa superar as barreiras do egoísmo e do preconceito. Observar a realidade a partir de outros pontos de vista possibilita a ampliação de nosso olhar e o enriquecimento de nossa experiência no mundo.
Como consequência, a empatia diminui os conflitos e melhora nossa comunicação interpessoal, contribuindo, assim, para a construção de relações mais saudáveis e para a saúde emocional dos indivíduos.
Contudo, vale dizer também que esse é um desafio que cada pessoa deve se propor ao longo da vida, já que nem sempre é fácil adotar um comportamento empático. É natural que a gente pense e aja de acordo com a nossa própria percepção, emoção e preferências. Logo, a empatia é algo que pode ser construído e fortalecido ao longo da vida, para que os seus frutos também sejam aproveitados.
Os tipos de empatia
Esse é um tema que se tornou cada vez mais recorrente em pesquisas ou rodas de conversa nos últimos anos. Ainda que existam vários pensamentos e definições de empatia, temos como uma das principais referências nesse campo o psicólogo Daniel Goleman. Autor do famoso livro “Inteligência Emocional”, ele apresenta três tipos ou subgrupos para categorizar a empatia.
Empatia cognitiva
Chamada também de tomada de perspectiva, a empatia cognitiva diz respeito à habilidade de compreensão sobre como a outra pessoa se sente e até o que está pensando. Está ancorada no conhecimento de processos cognitivos, comuns a todos nós, que desencadeiam determinados comportamentos.
Em outras palavras, esse tipo de empatia requer um entendimento a nível intelectual das outras pessoas, sendo fortemente estimulada nas áreas de formação de líderes e de comunicação.
Por exemplo, em um debate sobre determinado assunto, uma pessoa é capaz de reconhecer a lógica de raciocínio do outro mesmo que não concorde com ela. Isso não acontece superficialmente, mas de forma a compreender as reações que alguém pode ter pela sua maneira de pensar.
Empatia emocional
A empatia emocional, ou afetiva, caracteriza-se pela capacidade de compartilhar sentimentos com outra pessoa. Essa forma de reconhecimento sensorial pode traduzir-se até em sensações físicas, havendo relatos de pessoas que, literalmente, sentem a dor do outro fisicamente.
Essa é uma habilidade que exige alto quociente emocional e certa ponderação, uma vez que pode levar ao esgotamento psicológico. Ou seja, ser uma pessoa que consegue estabelecer esse tipo de sintonia com o outro requer cuidado com as possíveis consequências negativas, o que tem a ver com o desenvolvimento da inteligência emocional.
Por sua vez, esse tipo de empatia ajuda a desenvolver maior conexão entre os indivíduos, podendo fortalecer laços afetivos entre familiares e até colegas de trabalho.
Empatia compassiva
Pode ser definida como um tipo de empatia completa, pois vai além da compreensão e compartilhamento de emoções, envolvendo a mobilização para ajudar. Pode trazer reconhecimento, fonte de inspiração e cumplicidade; no entanto, quando extremada, pode traduzir-se em excesso de responsabilidade e sentimento de culpa.
A empatia compassiva, de certa forma, representa a união das duas anteriores, pois capacita a pessoa a não só identificar o problema do outro como a agir em direção à resolução desse mesmo problema. É um perfil muito relacionado com o poder do acolhimento e da motivação, o que realmente faz a diferença na vida de milhões de pessoas.
Para entender na prática os três tipos de empatia, pense em uma mãe exaltada com uma criança no colo entrando em um ônibus lotado. A empatia cognitiva faz com que um passageiro consiga compreender as razões do comportamento daquela mulher nesse contexto.
Já a empatia emocional faz com que uma outra passageira se sinta compassiva por ela e inconformada por ninguém oferecer um assento. Já a empatia compassiva envolve a ação, quando finalmente alguém se levanta para ajudar e busca acolher tanto a mãe quanto a criança.
O comportamento de quem é empático
Ser empático é, antes de tudo, ser um bom ouvinte e observador. É ter abertura para conhecer a realidade do outro e tudo o que ele comunica, inclusive o que não é dito, mas que pode ser percebido no tom de voz ou no olhar. Por isso, a sensibilidade de captar a comunicação não verbal das pessoas também é um traço característico de quem tem um nível de empatia bem desenvolvido, o que relacionamos com o poder da empatia.
Sabendo observar e ouvir, pessoas empáticas não fazem julgamentos precipitados sobre o comportamento do outro, procurando perceber, primeiramente, as razões que o levam a agir de determinada maneira.
Além disso, essas pessoas sabem praticar o perdão, são compreensivas e conseguem estabelecer um equilíbrio entre o que elas esperam e o que o outro pode oferecer. Isso ajuda muito a lidar com questões ligadas à expectativas e frustrações, que geralmente geram dificuldades na vida cotidiana.
Elas também estão sempre dispostas a ajudar, a contribuir para que problemas sejam solucionados de maneira não egoísta. São atentas às necessidades do outro e oferecem ajuda porque realmente se importam com suas dúvidas ou dores. Por fim, essas pessoas tratam os outros da maneira como esperam ser tratadas. Por distribuírem compreensão e bondade, é isso que elas recebem de volta.
O poder da empatia como uma via de mão dupla
Os benefícios não são sentidos apenas por quem convive com uma pessoa empática. A empatia torna igualmente melhor a rotina de quem se dispõe a cultivá-la em suas relações, produzindo um impacto positivo em sua qualidade de vida.
Na família, a convivência torna-se mais leve. Graças à tolerância para lidar com as diferentes personalidades, a pessoa empática desfruta de paciência e apoio no relacionamento familiar. As relações ficam mais fluidas e sem tanto peso na convivência, justamente por que as diferenças são mais bem compreendidas.
Nos estudos ou no ambiente profissional, por saber compreender pontos de vista distintos, quem tem empatia consegue expor melhor suas ideias sem invalidar a contribuição de cada colega, alcançando êxito no trabalho em equipe. Essa é a razão pela qual busca-se tanto líderes empáticos no mercado de trabalho, já que eles tendem a conseguir ótimos resultados sabendo acolher, integrar e estimular o potencial do seu time.
No relacionamento com os amigos ou o parceiro, o cultivo dessa habilidade fortalece a confiança entre as pessoas. Elas se abrem mais e conseguem construir vínculos pautados pelo respeito à verdade do outro, favorecendo a durabilidade das relações.
Quanto mais a empatia é praticada, mais seus efeitos positivos multiplicam-se sobre as diferentes áreas da vida. Por isso percebemos esse poder multiplicador da empatia. E, por se tratar de uma habilidade, tudo é uma questão de disponibilidade para o aprendizado, sendo que, quanto antes as lições começarem, melhor.
Aprendizado e benefícios a longo prazo
Não é fácil praticar a empatia, especialmente em meio a uma vida agitada e, muitas vezes, estressante. Mas, com persistência, é possível realizar pequenas mudanças de comportamento e, aos poucos, perceber as melhorias no relacionamento em família, no trabalho ou entre amigos.
A princípio, pode parecer um esforço sem muito retorno ou que beneficia somente o outro. O que se ganha com esse tal poder da empatia? Como vimos acima, a empatia é uma via de mão dupla e também beneficia a vida de quem a pratica.
Outro ponto importante nesse sentido é que cada situação envolve sua complexidade. Pessoas podem se mostrar mais ou menos empáticas dependendo do contexto, e o que importa é buscar um caminho de evolução. Vivendo uma lição a cada dia, a capacidade de se colocar no lugar do outro se torna a regra principal para o convívio social, guiando um comportamento que trará sucesso nas relações, seja em que situação for.
A importância da empatia no desenvolvimento infantil
À medida que crescem, as crianças ampliam o círculo social, experimentando interações que favorecem a aquisição da empatia e de outras habilidades socioemocionais importantes para a aprendizagem e o desenvolvimento infantil.
Enquanto são pequenos, é natural que vivam em ambientes e situações mais controladas, sem precisar se preocupar muito com o outro. Ao contrário, os adultos é que se preocupam com seus cuidados e com tudo que está ao seu redor.
Porém, não podemos desconsiderar que a observação começa desde cedo. Quando experimentam o poder da empatia no convívio familiar, aprendendo com os pais a exercê-la no dia a dia, os filhos constroem mecanismos para lidar melhor com os desafios da escola, e é possível perceber reflexos positivos sobre o desempenho escolar e sobre o comportamento da criança como um todo.
Como isso pode ser feito? Ser exemplo de comportamento empático é um dos pontos centrais. É importante também expor os filhos a diferenças para que eles não vivam em uma bolha onde pouco se pratica a empatia. O diálogo é outra ferramenta essencial nesse processo, que ajuda muito a desenvolver a inteligência emocional.
As habilidades empáticas oferecem múltiplos benefícios ao desenvolvimento infantil. A criança que é estimulada a se importar com o outro tende a desenvolver maior autoestima, autoconfiança e autocontrole, diminuindo assim as chances de apresentar comportamentos agressivos.
Além disso, os pequenos adquirem maior desenvoltura social, isto é, maior capacidade de ouvir o outro, de gerir e comunicar os próprios sentimentos e disposição para ajudar. As competências socioemocionais refletem positivamente nas relações, no aprendizado, no desempenho escolar, ou seja, na qualidade de vida infantil. Sem dúvida, crianças empáticas são mais felizes!
Fonte: https://escoladainteligencia.com.br/blog/o-poder-da-empatia-como-ela-impacta-a-vida-das-pessoas/
Publicado por: Tiago Merlone